Professora Welma Wildes Amorim fala sobre sua Tese de Doutorado no PPGMS que desenvolveu um aplicativo como suporte à prescrição de medicamentos em idosos.

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Confira a entrevista do PPGMS com a egressa Professora Dra Welma Wildes Cunha Coelho Amorim que teve sua Tese de título “DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DO USO DE UM APLICATIVO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS COMO SUPORTE À PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS APROPRIADOS PARA IDOSOS” selecionada por Comissão do PPGMS para concorrer ao Prêmio CAPES.

 

PPGMS: Professora Welma, qual a relevância tecnológica do seu projeto?

 

Professora Welma: A relevância tecnológica do nosso projeto é composta tanto pela elaboração de um consenso nacional de medicamentos potencialmente inapropriados (MPI) para idosos, como pelo desenvolvimento de um App, o MPI Brasil, com os dados do consenso, tornando este conhecimento acessível ao profissional de saúde, na "palma da sua mão" e onde quer que ele esteja, com ou sem acesso à internet. Por fim, também está na realização do ensaio clínico com médicos da atenção primária que avaliou a eficácia deste App na redução da prescrição de MPI.

 

PPGMS: E com relação a relevância social e impactos para a saúde pública?

 

Professora Welma: O projeto tem sua relevância social quando possibilita que o conhecimento produzido no meio acadêmico cumpra sua missão de transpor os "muros" dos artigos científicos e chegue ao profissional de saúde que está na ponta da assistência ao idoso. Desta forma, este profissional pode melhorar o cuidado ao paciente idoso, seja prescrevendo menos MPI ou desprescrevendo aqueles MPI de uso contínuo ou monitorando de perto o tratamento com o MPI cujo uso seja necessário, a fim de tornar a farmacoterapia mais segura. Além disso, nosso projeto pode embasar mudanças na Relação de medicamentos essenciais (RENAME) a fim de conter medicamentos mais seguros para idosos e redirecionar políticas públicas com o fim de diminuir a prescrição e uso de MPI.  A prescrição de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos é um problema de saúde pública em todo o globo, pois a população mundial vem em um rápido processo de envelhecimento no último século e o idoso tem peculiaridades que o torna susceptível a reações adversas a medicamentos, como, por exemplo, as alterações fisiológicas do envelhecimento, que irão interferir na farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos; a comum ocorrência de multimorbidades, que muitas vezes vão levar os idosos a múltiplos especialistas e ao uso de polifarmácia. Também é frequente a ocorrência de dependência funcional, síndrome de fragilidade, síndromes geriátricas, que são apresentações atípicas de doenças, e a presença de vulnerabilidade social, especialmente uma rede de suporte social insuficiente. Assim, a prescrição de MPI para idosos está associada ao aumento do risco de reações adversas graves, muitas vezes preveníveis, como quedas e delirium; aumento de internação hospitalar e da mortalidade; como também um risco aumentado de dependência funcional e institucionalização. Tem estudos de outros países que conseguiram calcular e constatar os elevados custos econômicos da prescrição de MPI para o sistema de saúde local. Assim, desenvolver estratégias de redução da prescrição de MPI reduzirá também o impacto econômico para nosso sistema de saúde.

 

PPGMS: Quais as suas perspectivas como pesquisadora?

 

Professora Welma: Dentre as perspectivas como pesquisadora, primeiramente, é formalizar no CNPQ o nosso grupo de pesquisa, que começou a trabalhar junto em 2009, no inquérito domiciliar de avaliação multidimensional ao idoso em Vitória da Conquista-BA e cujos dados proporcionaram as primeiras publicações sobre MPI. Em paralelo, estamos buscando parcerias para dar sustentabilidade e poder atualizar continuamente o App MPI Brasil, talvez através de uma rede colaborativa de pesquisadores nas áreas de desenvolvimento de software e de medicamentos em idosos. Esperamos ter ainda muitos trabalhos pela frente!

 

PPGMS: Fale-me um pouco sobre a relevância e contribuição do PPGMS no seu projeto.

 

Professora Welma: O PPGMS teve um papel importante desde o início, destacando-se que os primeiros trabalhos do nosso grupo de MPI foram da Tese do prof. Márcio Galvão, egresso do PPGMS e docente IMS-UFBA em Vitória da Conquista. Já constava na referida Tese perspectivas futuras em relação a elaboração de um consenso nacional de MPI e a ideia do aplicativo. Atualmente a discente Romana Gama, que trabalhou no nosso projeto, está em conclusão de sua Dissertação de mestrado no PPGMS com os dados do projeto. Assim, o PPGMS tem contribuído na formação dos pesquisadores do nosso grupo. Acredito que, como uma das pós-graduações pioneiras no Nordeste, muitos outros grupos de pesquisa foram semeados no PPGMS... A nossa gratidão ao programa!

 

 

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